sábado, 22 de dezembro de 2012

História



História:
A espinha dorsal, a coluna vertebral. O cerne. O tutano do osso. O princípio e o meio, sem fim. A hecatombe temporal. O limbo das memórias. O que o divino deixou que se tornasse humano e se escrevesse por essas mãos.
O sangue que te corre nas veias, mas que irriga mais do que um organismo. A osmose generalizada do passado. A corda que segura a humanidade nas suas teias intermináveis de palavras, imagens e estórias históricas. A tua história, a minha história, a nossa história. O campo irrevogável, incontestável e imutável. O que está enterrado em ti e cravado em todas as tuas células. O fantasma que respira o mesmo ar que tu. A sombra que te acompanha. Tu em todos os pretéritos. Aquele recanto na tua massa cinzenta em que mergulhas sem que a pele se molhe, mas no qual te podes afundar se excederes a dose recomendada. Os teus alicerces. Aquilo em que te deves basear, mas não limitar. O ponto de partida. A matéria que te constrói, mas também a que te retalha. A sentença que podes dar a ti mesmo, quando te descuidas e te deixas picar por um veneno devorador de tempos, que te vai embalando numa catarse de pretéritos.
História: o tecido gasto da memória que se esbraceja com a realidade. O contraste. A plataforma. O recado. O aviso. O que fica para trás. Onde ficou. Onde está. Onde se imortalizou. 
Porque a mão continua a escrever.

2012/09/28

(Foto: Phillip Schumacher)

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